terça-feira, 23 de outubro de 2007

O $egredo


Esses dias eu peguei na locadora um lançamento recente em DVD, o incensado documentário "O Segredo". Um amigo que já tinha visto disse que não era bom. Quando o peguei na locadora, um casal se dirigiu a mim dizendo que não haviam gostado. Como a minha curiosidade é sempre mais convincente do que o gosto e a opinião de amigos e desconhecidos, eu precisava assistir não só pra descobrir o segredo como pra ter o prazer de dizer que aquilo não prestava.


Dito e feito.


Logo aos primeiros 20 minutos do filme, o "filósofo" Bob Proctor faz a seguinte afirmação:

"Por que você acha que 1% da população ganha cerca de 96% de todo o dinheiro que circula? Você acha que isso é um acidente? Não é acidente! Isso é projetado para ser assim. Esse 1% entende algo. Eles entendem O Segredo, e agora você está sendo apresentado a ele..."

Isso mesmo, senhoras e senhores, em poucas palavras, o "filósofo" Bob Proctor resumiu essa grande questão histórica de um modo que nenhum outro homem jamais ousou fazer.

Pela primeira vez na minha vida eu parei de assistir a um filme (bem) antes que ele terminasse.

O segredo me custou R$ 5,00 de locação. E os inventores da idéia devem estar contentes com o sucesso que o filme está fazendo entre os que acreditaram que as desigualdades sócio-econômicas do mundo se devem ao fato de bilhões de pobres estúpidos não pensarem positivamente!


O que é mais criminoso: deixar que um cara desses ostente o título de filósofo ou acreditar na grande revelação d'O Segredo?

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Carta a colunista do Correio Braziliense

Curioso, seu Ari Cunha.

Desde que o Sr. Joaquim Roriz se tornou foco da atenção da mídia algumas semanas para cá, o Senhor não escreveu, em sua coluna no Correio Braziliense, em NENHUM DIA, UMA ÚNICA LINHA SEQUER a respeito do escândalo envolvendo o maior coronel que o Cerrado já conheceu. Se escreveu, deve ter sido uma curta e imperceptível nota, porque eu, na condição de assinante do jornal, sinceramente não vi. Mas dada a inevitabilidade (e obrigatoriedade!) desse assunto na pauta do dia durante todos esses últimos dias/semanas, o senhor ficou bastante a dever para os seus leitores diários... não se dá conta disso, velho Ari?

Por que será que TODOS OS OUTROS políticos são alvo de sua erudita ironia em sua coluna semi-diária, EXCETUANDO o "cacique" Roriz? Com sua perspicácia em escrever quando o assunto é política na esfera federal ou distrital, você pode até agradar os demais (e)leitores; mas para mim, leitor do jornal de muitos anos, ficou sempre clara a sua tendenciosidade, senhor jornalista histórico do Correio. E lá se vão anos, desde aquela inusitada aparição em uma propaganda política do então candidato Roriz... como uma intervenção "necessária", diante da "campanha de difamação" que Ricardo Noblat, então Diretor de Redação do maior jornal brasiliense, estava promovendo contra o seu aliado político. Tal aparição no horário de propaganda eleitroal nem era preciso, já que pouco antes das eleições para governador, conseguiu, com o apoio dos demais Associados, afastar definitivamente Noblat da Direção. Uma dupla comemoração, já que além disso naquela mesma ocasião Roriz venceria as eleições por uma pequenina diferença de votos sobre o adversário.

Bem, não deve ter sido apenas o leitor diário aqui que percebeu isso. Estranharia em saber que outros leitores já não tenham pensado a mesmíssima coisa. Mas devo reconhecer: manter-se silencioso sobre o caso envolvendo Roriz durante todo esse tempo, a despeito do senso crítico de todos que acompanham a sua coluna, é uma façanha e tanto. Tanto quanto adquirir uma bezerra por mais de R$ 270 mil reais.

Aquele abraço, sempre atento,



Davi Miranda
[um leitor não tão perspicaz, mas assíduo, do Correio]

sábado, 3 de março de 2007

Lenta Agonia

Morreu foi na embriaguez,
Aquela coisa bem devagar
Queria sentir d’uma só vez
Único tiro tudo acabar.

Um lado não admitia
Nem o outro quis ceder
O descaso e a apatia
Um fim não fazia valer.

Talvez ela esperasse
Uma prosa ‘inda rolar
Ou quem sabe importasse
A mim novo verso tentar?

Espero vê-la mais feliz
Que podia tê-la feito
Numa só noite, Beatriz.

Pena é não ter consolo
Nesses três tristes quartetos
E mais dois tolos tercetos.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Teu nome em minha boca será sempre poesia

Te vi uma vez
E gostei do que vi
Vi duas, vi três
E o que eu fazia, esqueci.

Um dia - sorte minha
Um amigo nos apresentou
Foi como ganhar em loteria:
Minha alegria o mundo estranhou.

Mas n'outra noite notei com lamento
Que minha somente não podias ser:
Não tocaria seus cachos a todo momento
Apenas em um ou outro anoitecer.

Que importa? É só pensar em você
Para loooongas prosas eu escrever
Mas fazer tudo isso pra quê
Se os cachos em curtos versos faço valer?

E agora tudo que vejo
É sua foto numa tela fria.
O Rio de Janeiro, você longe e sem beijo
Me fazem pensar se uma viagem faria.

Permita ao menos uma viagem louca
Tomar conta dos meus versos, Bia:
Deixe teu nome, em minha boca,
Ser sempre poesia.