quarta-feira, 17 de maio de 2006

O poder discursivo da meleca

Ela ainda tá lá. Lá no banheiro masculino do Pavilhão João Calmon, da UnB.

Uma meleca apertada contra a parede e arrastada alguns centímetros em diagonal, na parede (limpinha) que sustenta o mictório. Impressa ali enquanto o mané tirava a água do joelho.

Não é a primeira, nem será a última.

Símbolo da liberdade digital de expressão, de se poder meter o dedo onde bem entende.

Aquela meleca ali me dizia muita coisa.
Muito mais do que todas aquelas palavras pichadas nas portas do banheiro.
Era o discurso concretamente redigido do indíviduo que queria te dizer:

"Faço isso não por molecagem, mas por que posso. E você não pode fazer nada, só vai ficar aí olhando, achando que pode mudar o mundo. E você também é tão nojento e desprezível como eu, só não tem coragem de assumir que nem eu, seu covarde! Morra frustrado, mané."


Foi isso o que a meleca me disse.


Bleargh. Que nojo dessa sociedade, onde uma meleca se faz veículo de um triste e real discurso.