Ela ainda tá lá. Lá no banheiro masculino do Pavilhão João Calmon, da UnB.
Uma meleca apertada contra a parede e arrastada alguns centímetros em diagonal, na parede (limpinha) que sustenta o mictório. Impressa ali enquanto o mané tirava a água do joelho.
Não é a primeira, nem será a última.
Símbolo da liberdade digital de expressão, de se poder meter o dedo onde bem entende.
Aquela meleca ali me dizia muita coisa.
Muito mais do que todas aquelas palavras pichadas nas portas do banheiro.
Era o discurso concretamente redigido do indíviduo que queria te dizer:
"Faço isso não por molecagem, mas por que posso. E você não pode fazer nada, só vai ficar aí olhando, achando que pode mudar o mundo. E você também é tão nojento e desprezível como eu, só não tem coragem de assumir que nem eu, seu covarde! Morra frustrado, mané."
Foi isso o que a meleca me disse.
Bleargh. Que nojo dessa sociedade, onde uma meleca se faz veículo de um triste e real discurso.