domingo, 8 de maio de 2005

Marias & Clarices

Nesse domingo o mercado tava cheinho de mães. Nem precisava (re)conhecer alguém ali pra saber que (praticamente quase todas) eram. Vovós, titias, adotivas, postiças, todo mundo era mãe ali hoje, que é o dia que o comércio elegeu pra que se gastassem e comprassem por/para elas; ué, então deviam estar todas em casa, com todas as raras mordomias, enquanto pais e filhos tomassem seu lugar nas compras. Ah, já sei porque tão todas aqui... tô vendo os carrinhos... cheios, abarrotados... de flores. Isso mesmo, hoje não é dia de fazer almoço. Além do mais as flores hoje - obviamente - estão numa irresistível promoção. De plástico, de verdade, pra todos os gostos. Mãe comprando pra avó, pras irmãs-mães ou pra todas as outras mães da família. Nunca se cansam de fazer isso, e não iam deixar essa missão na mão de qualquer um (diga-se "homem"). Uma delas tava ali na minha frente na fila, com uma floricultura móvel ambulante. Me pediu ajuda pra passar todo aquele jardim pelo caixa e recolocá-las depois com cuidado no carrinho. No fim, me olhou com um sorrisozinho sincero de agradecimento, daqueles que dizem "brigado, fio!". Também respondi risonhamente calado, embora ela não pudesse conhecer todo o significado do meu olhar: "Nada, senhora-dona-mamãe... não é nada diferente do que faria pela minha, se ainda estivesse viva."

Feliz eterno dia das mães, Dona Clarice - onde quer que você esteja.